Este blogue pretende ser um espaço de partilha de escrita, fluindo por entre a magia da vida e da literatura.
terça-feira, 22 de maio de 2012
"Despedida", Sussurros e Caudais, Corpos Editora, 2012
Despedida
Cenários amordaçados
Relógios sem tempo
Copos estilhaçados
Corpos sem alento
Assim escutámos
Na lentidão do luar
O frémito da porta a fechar!
Professora Cristina Lourenço
sábado, 19 de maio de 2012
"Manta de Paz", Sussurros e Caudais, 2012
Manta de paz
A paz perdura…
Alva autêntica segura.
E nela me deitei…
Sobre uma fronha imaculada
meu rosto aconcheguei,
com alma dourada
e mente desafogada.
Depois
o chão vacilou.
Qual tumulto indomável
Qual caudal instável!
e eu à manta me agarrei.
Logo
Um anjo me sussurrou!
Afaguei a manta,
Cobri meu corpo,
E a magia foi tanta!...
Emília Lemos, Sussurros e Caudais, Corpos Editora, 2012
"Amanhecer", Sussurros e Caudais, 2012
Apresentação
no Grande Hotel do Porto
Amanhecer
Na noite entrei
Entreabrindo o fumo de suor e
álcool
Entre copos ritmados e corpos a
esvaírem langor
Entrei e ali permaneci
Entre risos e olhares de seres em
desamor.
Fechou a noite
E os cabelos lamacentos de breu
alastraram o empedrado
E o olhar arrefecido pela
escuridão inerte na luz a transmutar.
Cantaria húmida clamando o fim do
torpor,
Céu revigorado acetinado sedutor.
Nessa lassidão de mim
Percebi
Que a noite ali me tinha
abandonado
Ali
Nua de emoções e sentidos
Despojada por
quem por mim na noite tinha passado.
E ali permaneci
À espera
De cambalear por outra noite
De beber líquidos já bebidos
De exultar entre risos
desconhecidos
Febril
À espera
De reviver passados e presentes
dolorosamente revividos.
Mas a noite tardava
E em lampejos a pedra me
acordava.
Foi então que
Incerto
O que de mim restava
Percebeu
Quem ali me contemplava
Quem ali me sorria
Tal espiga de trigo em areia de
deserto
Tu
Intacto imutável
Tão perto
Na calçada reluzente ao dia.
Emília Lemos, Sussurros e Caudais, Corpos Editora, 2012
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